Porque 8 Semanas Não Bastam
Há uns meses aprendi uma expressão nova: "cemitério de cursos".
Aqueles cursos que compramos com a expectativa de mudar a nossa vida e que depois acabam enterrados e esquecidos algures num disco rígido.
Esta é uma expressão que desperta sorrisos e assentimentos de cabeça quando a refiro nos cursos.
A razão: Vivemos rodeados de promessas de mudança instantânea.
Mas isto não deve ser uma razão de vergonha. Somos humanos. E como humanos, quando o stress, a ansiedade e o caos já dominam a nossa vida, é precisamente aí que procuramos a solução rápida. A fórmula mágica. O curso de 8 semanas que vai mudar tudo.
Procuramos a fórmula que traga paz e sossego a condições que bloqueiam a nossa existência.
Mas há aqui uma armadilha: a procura de soluções rápidas raramente é consciente. É feita em desespero. Por impulso.
Neste artigo vou explorar porque é que, se queremos uma mudança profunda e duradoura nas nossas vidas, os programas rápidos não são a melhor opção.
Porque em vez da transformação prometida, ficamos com culpa por não termos conseguido, vergonha por termos falhado outra vez, frustração por estarmos exactamente no mesmo lugar.
Quando na verdade não temos nada de errado. Não precisamos de nos culpar. Não precisamos de mais vergonha. Não precisamos de raiva por cima da frustração que já existe.
Simplesmente às vezes ignoramos um factor fundamental: somos humanos.
E como seres humanos necessitamos de energia, espaço, tempo e recursos para mudar. Se já à partida o caos, o stress ou a ansiedade dominam a sua vida, não existe excedente energético para criar mudança.
Ponto.
Sei que isto pode soar duro. Mas preciso de ser honesto.
Porque a mudança real exige um percurso. E esse percurso inclui:
- Perceber o que é essencial e encontrar clareza na confusão
- Iniciar o processo com os recursos que temos
- Lidar com os ajustes necessários
- Observar o progresso
- Enfrentar as dificuldades que surgem
- Celebrar pequenas vitórias
- Criar sustentabilidade no que atingimos
- Desenvolver um processo, uma linguagem única baseada não em dicas ou truques mas em princípios — os nossos princípios
Se conhecer alguém que faz este processo em oito semanas, diga-me.
Porque eu sinceramente não consigo e porque vi isto acontecer vezes sem conta.
Há três anos, quando começámos o curso de instrutores de Chi Kung Terapêutico, achei que estava a ser demasiado lento. "Três anos? Ninguém vai ter paciência."
Mas foram exactamente esses três anos que permitiram que a transformação fosse real. Não foi o conteúdo — foi o tempo para falhar, ajustar, e voltar a tentar. O tempo para que cada participante encontrasse a sua própria voz, não uma imitação da minha.
Este processo necessita de acolhimento. De um ambiente seguro. De uma compaixão brutal da nossa parte de que somos humanos, necessitamos de tempo, e que falhamos.
Falhar não significa o fim. Significa que está a investir o seu tempo num território desconhecido. Falhar faz parte do processo, não é o fim dele.
Porque não temos apenas oito semanas. Temos um horizonte temporal amplo que nos permite ambientar e criar uma mudança lenta, mas sustentável.
Deixo algumas perguntas:
- Se tivesse um ano para mudar, o que faria?
- Se tivesse de dar um passo agora em direcção ao que gostaria de transformar, qual seria?
- Se tivesse que pedir ajuda, a quem seria?
- Se tivesse algo encorajador para dizer a si agora, o que diria?
Até para a semana.
Lourenço de Azevedo
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