Porque inflamamos?

Esta semana estava a ler uma conversação sobre inflamação do grupo do Nível 2 do Oxygen Advantage, onde alguém pedia sugestões para um paciente em que a inflamação subia e descia, apesar de ter começado com os protocolos de respiração adequados para este desequilíbrio.
Ao que alguém respondia algo que subscrevo: que a inflamação é, de alguma forma, o mensageiro que reporta os níveis de stress a que o corpo está sujeito.
Ou seja, o problema não é a inflamação, mas aquilo que a causa.
Tomar anti-inflamatórios só porque sim não vai resolver; vai apenas mascarar e adiar algo que, mais tarde ou mais cedo, tem de ser investigado: "O que está a causar essa inflamação?"
Para mim é clara uma coisa: o corpo está sempre em stress.
O Stress da Força da Gravidade: que comprime órgãos e articulações, que faz com que o sangue desça sem problemas, mas que depois, para subir, necessita de energia extra; que testa constantemente a coluna e o sistema nervoso para que não se caia estatelado no chão. Má postura, muito tempo sentado ou de pé aumentam este stress.
Embora não exista um valor claro, o número de sinapses, pontos de contacto entre células nervosas (neurónios) ou entre neurónios e outras células, ronda os milhares ou mesmo milhões só para nos levantarmos de uma cadeira; imaginem o trabalho que isto dá a cada segundo para o corpo se manter equilibrado.
O Stress da Respiração, Captar oxigénio, processá-lo, levá-lo ao cérebro e aos outros órgãos, monitorizar cada um destes processos, de forma a manter-nos vivos e a pensar, para ler este artigo, por exemplo.
O cérebro consome 20% do oxigénio, apesar de representar apenas 2% da massa corporal. Como concorrentes, tem o coração, os rins e o fígado.
O stress da alimentação significa o trabalho que dá ao organismo processar alimentos.
Por exemplo, o stress por consumo de alimentos processados pode criar:
- Stress oxidativo aumentado,
- Risco de disfunção metabólica crónica,
- Fome precoce,
- Risco incremental de hipertensão e dano nos rins com o seu consumo repetido,
- Aumento da propensão a inflamação sistémica e ganho de peso.
Mas, como dizia um professor do curso de Medicina Chinesa: "Todos os alimentos têm contra-indicações" — eu acrescento que existem uns com mais do que outros.
Assim, o primeiro passo na redução da inflamação não é silenciá-la, mas descobrir a sua causa.
A questão é por onde começar.
Pode simplificar este processo se tiver em conta que o que come tem a ver, em parte, também com o seu nível de stress e cansaço.
Assim, mais quando existe uma noite mal dormida, trabalho contínuo sem as paragens adequadas, acontecimentos que nos retiram da nossa janela de tolerância.
Procuramos alimentos mais gordurosos e açucarados; não comemos mais quantidade, comemos mais calorias e alimentos que nos fornecem energia mais rápida — entram de novo os processados na equação.
Se está a tentar mudar para uma alimentação mais saudável, vai compreender que podem ser frequentes os relapsos: o gelado, o pastel de nata, aqueles molhos, o ser incapaz de parar de comer para além da saciedade.
Se isto acontece, tem de se perguntar primeiro: como estão os meus níveis de stress?
Senão, dificilmente os relapsos param e a frustração diminui ao longo do tempo.
O Chi Kung como prática de entrada para a transformação dos níveis de stress e ansiedade.
Esta prática pode ser traduzida como uma prática que unifica o corpo, a mente e a respiração.
Respirar, em algumas situações, é eficiente por si só, mas se a postura e a coordenação da mesma com o movimento não estiverem alinhadas, o efeito que a respiração pode ter na diminuição do stress não está a ser aproveitado.
Voltando à inflamação
Tem de fazer perguntas honestas:
- Como estou a respirar?
- Dá consigo a hiperventilar com respirações rápidas, suspiros, bocejos vindos de não se sabe de onde, a reter a respiração ou simplesmente a respirar de boca aberta?
- Acorda com a boca seca durante a noite ou de manhã, com vontade de beber água?
Se sim, o seu corpo está em stress e, se estes são os sintomas que enviam a mensagem.
As boas notícias são que é também pela respiração que pode reverter este processo.
Existe uma história tradicional sobre dois jardineiros que regavam uma árvore doente: um cortava as folhas doentes todos os dias; o outro observou as raízes e reparou que estavam em mau solo.
O primeiro parecia resolver o problema a curto prazo, mas a árvore continuava a adoecer.
O segundo tratou o solo e, com o tempo, a árvore recuperou. A inflamação é a folha doente — olhe também para as raízes.
Este é o processo de tratamento da inflamação que começa pela observação do seu ecossistema e não apenas pela mitigação dos sintomas.
Trate este processo com compaixão: quando a inflamação aumenta, pergunte-se como estão os seus níveis de stress e cansaço e o que isso provocou; regresse à sua janela de tolerância com práticas ou comportamentos que sabe que lhe criam nutrição e bem-estar.
Lembre-se de que, acima de tudo, este é um processo passo a passo, um caminho, não um fim em si.
Boas práticas e até para a semana.
Lourenço de Azevedo
Por ser um tema complexo e personalizado para além daquilo que um artigo pode aprofundar,durante setembro, na habitual transição sazonal, vou aprofundar este tema de forma dedicada.
- Com 18 aulas de Chi Kung Terapêutico, em directo para que possa integrar este conceito.
- Uma sessão de alinhamento sazonal, que cria uma visão terapêutica, para que possa ter um trimestre mais alinhado e com menos stress e ansiedade.
- Uma sessão dedicada à transição sazonal, para que possa iniciar um outono em pleno.
- Uma sessão com o tema da respiração, durante o mês de setembro, onde pode colocar-me perguntas específicas e criar o seu próprio modelo de respiração.
Boas práticas e até para a semana.
Lourenço de Azevedo
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