Academia Regenerar

Déficit de Atenção: Quando acabam os seus 10€

Déficit de atenção: metáfora visual de sobrecarga mental

Esta semana vi o amigo do meu filho sair da natação às 18:30 e já estar equipado "à futebolista" para o treino seguinte. Depois de um dia inteiro de escola. Antes de jantar, banho, e finalmente dormir.

E perguntei-me: a que horas acaba o dia desta criança?

Sendo pai e fundador do projecto educativo Raízes e Asas, o tema do Déficit de Atenção não é académico para mim. É urgente.

Tendo um projecto como o Regenerar e sendo solopreneur nesta aventura, como faço a gestão da atenção é vital.

Todos os dias lido com o meu universo interno, a gerir a minha agenda de prática, as aulas, tento gerir tarefas, agendas, emails, mensagens, questões familiares, tarefas domésticas, listas de compras e listas de afazeres.

Às vezes tudo num só dia.

E isto é o que está planeado, fora o que não está, que surge após um telefonema ou email.

Agradeço todos os dias ao Chi Kung e às práticas de Respiração Consciente que me ajudam a regular estados de procrastinação, quebras de energia ou a ficar "a viajar na maionese" no Netflix, YouTube ou redes sociais com as tarefas a acumular.

Depois penso nas crianças. Quantos dias será assim para aquela e tantas outras?

Segundo o Google: O Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) é uma condição neurobiológica que afecta a atenção, a impulsividade e a actividade, com sintomas como desatenção, inquietação e dificuldade de concentração, que surgem na infância e podem persistir na vida adulta, sendo diagnosticado clinicamente e tratado com medicação, terapia e mudanças no estilo de vida.

Li isto. E depois olhei para a criança que sai da natação para o futebol. Para o adulto que pega no telefone 200 vezes por dia. Para mim mesmo, a gerir emails, mensagens, aulas, família, tudo num único dia.

E perguntei-me: e se não fosse uma "condição neurobiológica"? E se fosse simplesmente o resultado inevitável de estar a pedir ao cérebro humano mais do que ele foi desenhado para dar?

E se o TDAH não fosse uma patologia, mas um resultado natural de uma vida de exaustão do nosso bem mais precioso?

A Atenção.

Em que a exigência do dia de hoje desde que acordamos, nós e elas, as crianças, pode ser mais do que aquilo que temos para dar.

Imagina que todos os dias acorda com 10€ de atenção.

Acordar leva-lhe 0,50 cêntimos
Pequeno-almoço outros 0,50
A viagem até ao emprego entre 1€ a 0,50 cêntimos
Aquela reunião da manhã mais 1€
Cada consulta que faz ao telefone para mergulhar nas redes 0,25 cêntimos - mesmo que seja 0,10 cêntimos e se for um dos americanos que foram estudados no início de 2025 que pegavam no telefone mais de 200 vezes por dia, já está, já queimou toda a atenção e a dos próximos dias.

Não está incluído aqui: almoço, jantar, compras, ir buscar filhos à escola, uma discussão com um colega, o stress do trânsito... entre outros.

Onde já vão os 10€...

E ainda nem almoçámos. Ainda faltam 8 horas até ao fim do dia.

É aqui que começamos a pedir emprestado. A funcionar a défice.

E chamamos a isso "produtividade".

As crianças não são diferentes, mas a capacidade de atenção focada em algo é ainda menor.

A pandemia não é a TDAH, mas a causa: o estilo de vida que está por detrás e que desperta o processo.

"Não há dinheiro, não há palhaços" - por outras palavras, não há atenção, não há vida.

Sim, há aquela criança que não pára quieta nas aulas, que perturba os colegas, que desafia o professor, muitas vezes ele também no limite dos seus 10€ ou já extremamente endividado há semanas ou meses em estado de sobrevivência pura no que diz respeito à sua atenção.

Não tenho aqui uma solução messiânica, de que vou no parágrafo seguinte dar a dica que vai salvar o mundo.

Gostava, é claro. Mas não tenho.

Mas tenho perguntas. Perguntas que raramente fazemos porque as respostas podem ser inconvenientes. Podem exigir mudanças que não sabemos se conseguimos fazer.

Mas são as perguntas certas:

Nas crianças:

  • Quanto tempo passam no recreio fora dos telefones e outros dispositivos?
  • A partir de que horas e até que horas têm acesso aos dispositivos electrónicos?
  • O que comem ao pequeno-almoço, almoço e jantar? Está adequado à sua actividade e gasto intelectual?
  • A que horas se deitam?
  • Como estão a respirar?
  • Quanto tempo de qualidade têm de forma real com os pais sem constantes interrupções?

Nos adultos:

  • Quanto tempo passa na natureza?
  • Quanto tempo dorme e com que qualidade?
  • Como respira maioritariamente no seu dia: pela boca ou nariz?
  • Qual é a sua noção de alimentação nutritiva?
  • A partir de que horas começa a utilizar o telefone e quantos pickups, consultas, faz por dia ao seu telefone?
  • Onde sente que os seus euros acabam?
  • O que come está adequado em quantidade e qualidade à sua actividade?
  • Qual a sua prática favorita de autocuidado que pratica diariamente?
  • Tem algum hobbie?

Não há respostas certas nem um livro Regenerar para quem pontuar mais.

O Transtorno de Déficit de Atenção não é uma pandemia, mas sim um alerta de como estamos a gerir o que de mais precioso temos para levar uma vida plena.

E a medicação? Pode ajudar, sim. Pode criar espaço para respirar. Mas sozinha, sem olhar para as perguntas acima, sem questionar o estilo de vida que esgota a atenção dia após dia — a medicação trata o sintoma, não a causa.

As perguntas continuam por responder, toldadas pela química da medicação.

É olhando para este cenário que me deparo com frequência em pacientes, amigos, conhecidos, que há dias que sinto que o que fazemos no Regenerar é como o colibri que está a tentar apagar um incêndio na Amazónia a transportar água no bico.

Depois há dias como no passado sábado. No final do programa de transição de Inverno - três semanas de prática diária de Chi Kung - há quem refira menos dores, mais foco, mais capacidade de lidar com as dificuldades do dia.

Nesses dias penso: temos algures um lugar. Estou a fazer o que qualquer pessoa faria com os recursos que tem - a dar o meu melhor todos os dias para trazer ao mundo ferramentas que ajudam a responder a algumas destas perguntas.

Durante este mês estive a mergulhar profundamente em reflexão para ajustar o que crio no Regenerar de forma que possa ser uma possibilidade entre as milhares que existem, que possa servir quem desejar realizar um percurso de recuperação da sua integridade e sustentabilidade interna.

Numa dessas propostas, entre outras que irei revelar durante 2026 está a reformulação da Academia Regenerar, com um plano extra apenas de respiração para quem quer começar pelo essencial e reformulação dos restantes com um maior acompanhamento da minha parte.

Não aumentamos os nossos valores como é habitual no Black Friday para depois poder oferecer um desconto como se viu este ano massivamente. Antes do Black Friday custava 60€, durante o Black Friday passou para 90€ com um desconto de 15%.

No entanto vamos aumentar o que pedimos pelos nossos serviços no dia 1 de Janeiro e até lá os valores vão manter-se nos valores antigos.

E esta é a nossa contribuição ao mundo, juntamente com esta newsletter e os podcasts.

Porque há 27 anos, eu estava onde muitas pessoas estão agora.

Sem energia. Com um sistema imune fraco. À procura de algo que funcionasse — mas sem saber por onde começar.

O que mudou não foi encontrar a prática "perfeita". Foi dar o primeiro passo com o que tinha: um metro quadrado de espaço, 20 minutos de manhã para praticar, e a vontade de tentar.

Para quem deseja embarcar nesta viagem, não prometo que vai ser fácil. Não prometo transformação em 30 dias.

Mas posso dizer-lhe isto: se começar onde está, se praticar ao seu ritmo, se respeitar o que o corpo pede — algo muda.

Não de repente. Gradualmente.

E é essa mudança gradual que dura.

A atenção é o nosso bem mais precioso. Não porque alguém o diz, mas porque sem ela não há presença. Não há conexão. Não há vida plena.

É por isso que durante este mês tenho estado em reflexão profunda sobre como o Regenerar pode servir melhor quem quer recuperar a sua atenção, a sua integridade interna.

Se desejar conhecer a minha primeira proposta para 2026, clique aqui.

Boas práticas.

Lourenço de Azevedo


Se gostaria passar das sugestões dos meus  artigos para um caminho mais personalizado envie-me aqui uma mensagem para marcar uma sessão individual comigo


Junte-se a mais de 3000 subscritores que recebem a minha newsletter semanal e que ao subscrever acedem imediatamente a uma prática de introdução ao Chi Kung Terapêutico