Respirar Melhor – A Arte da Respiração Consciente

Porquê uma respiração consciente?
A respiração é uma das poucas funções corporais que podemos controlar voluntariamente e que, simultaneamente, ocorre de forma automática.
Tendo eu tido uma asma que entrou em remissão há quase 30 anos este é um tema muito querido para mim e que apesar do acto de respirar ser essencial à vida, é comum não ser realizada de forma eficaz, o que acaba por afetar a sua energia, concentração, sono e resistência ao stress.
Por exemplo, é frequente respirar-se pela boca, hiperventilar-se ou não se ter consciência do volume e ritmo do ar utilizado.
Isto provoca um acréscimo de stress para o organismo e gera um desequilíbrio no sistema nervoso autónomo, refletindo-se na saúde física e mental.
Quando cerca de 75% da população com ansiedade respira de forma disfuncional,
Torna-se evidente que, ao aprendermos a integrar uma respiração mais consciente nas nossas vidas, podemos transformar radicalmente o percurso da saúde mental.
Talvez o maior segredo — possivelmente por ser tão simples e, por isso, tantas vezes ignorado — na regulação da ansiedade esteja mesmo debaixo do seu nariz.
A importância da respiração nasal — Porta para o equilíbrio
As narinas não servem apenas para filtrar o ar; regulam a temperatura, humedecem o ar e produzem óxido nítrico, que ajuda na dilatação dos vasos sanguíneos pulmonares.
Respirar pela boca elimina estes benefícios, reduz a eficiência respiratória e aumenta o risco de distúrbios do sono como a apneia.
O papel do dióxido de carbono na regulação da circulação sanguínea
O dióxido de carbono é um vasodilatador natural; níveis adequados mantêm os vasos sanguíneos abertos, facilitando o fluxo sanguíneo para órgãos vitais como o cérebro e o coração.
A diminuição excessiva deste gás devido à hiperventilação provoca vasoconstrição e reduz a oxigenação dos órgãos, incluindo o cérebro.
Se já sentiu tonturas após respirar fundo demais ou praticar exercícios respiratórios sem orientação adequada, isso é um sinal típico do desequilíbrio do CO₂.
Influência da respiração no sistema nervoso autónomo
A respiração lenta e leve ativa uma parte do sistema nervoso responsável pela resposta “descanso e digestão”. Este processo reduz a frequência cardíaca, acalma a mente e melhora a digestão física e mental.
Em dias de stress intenso ou ansiedade elevada, se der por si com dificuldade em relaxar, já reparou como está a respirar?
Exercícios práticos para integrar a respiração consciente no dia-a-dia
Uma das vantagens da respiração é que podemos começar já, pois a cada momento ela está a acontecer.
Basta tornar este ato inconsciente num ato de maior presença e consciência.
Comece por fazer um diagnóstico: em repouso, por exemplo enquanto trabalha à secretária, lê ou consulta o telefone, coloque um palito ou um fósforo entre os lábios durante os próximos 10 minutos, para selar os lábios e observar se surge inconscientemente a tendência de respirar pela boca.
Assim, durante o dia:
- Respire sempre pelo nariz, mas mantenha-se atento se mesmo nasalmente tem tendência a hiperventilar ou inspirar grandes quantidades de ar; procure uma respiração lenta, leve e profunda.
- Observe a sua respiração durante momentos de stress: está a respirar num padrão lento, leve e profundo? E se regressar a este padrão, o que acontece?
- Quando caminha, carrega sacos de compras ou sobe escadas (ou seja, quando existe um aumento da atividade cardiorrespiratória), mantenha sempre que possível a respiração pelo nariz.
Comece com pequenos passos, respeite os seus limites e observe os sinais do corpo.
Utilize este mantra para a respiração: lenta, leve e profunda.
Com a continuação da prática, é inevitável que a sua fisiologia responda e sinta uma melhoria progressiva da energia, clareza mental e equilíbrio emocional.
Tornar consciente o inconsciente — como no caso da respiração — é um gesto simples que pode transformar não só a sua saúde respiratória como também melhorar o seu equilíbrio emocional e vitalidade geral.
Ao integrar a respiração consciente no quotidiano está a construir uma ponte entre tradição e ciência; entre atenção plena e saúde mensurável.
Cultivar este hábito é uma expressão de autocuidado profundo que ecoa tanto nos textos clássicos do Oriente como nas mais recentes publicações científicas ocidentais.
A qualidade da sua respiração é frequentemente o espelho da qualidade da sua vida.
Ao investir neste gesto tão acessível e fundamental estará não só a cuidar do seu corpo e mente, mas também a honrar uma antiga tradição de sabedoria prática.
Respire lenta, leve e profundamente — e permita-se descobrir, ao ritmo de cada inspiração, um caminho para maior equilíbrio, vitalidade e serenidade.
Boas práticas
Lourenço de Azevedo
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