Escuta e Silêncio

Na parede infindável das redes sociais é nos servido aquilo que segundo os algoritmos está de acordo com o nosso perfil.

Não há já muitas dúvidas que a parede que abre para mim ou para outros é totalmente diferente, mesmo tendo os mesmos "amigos".

Por exemplo uma rede social de vídeos é aquela que "nos compreende" e nos apresenta "magicamente" vídeo após vídeo os conteúdos que gostaríamos de ver. Não há aqui coincidências.

Consumir numa rede social é essencialmente estar a ouvir, a absorver conteúdo, criado para ser imediato, que deixa a sensação de não ser suficiente para ser buscado mais.

Mas esse mais nem sempre tem a ver, com a falta de nutrição do mesmo, mas sim com a falta de tempo para digerir e de esperar que o estômago 20 minutos depois diga que já chega, que é o tempo que demora um organismo em média a dar os primeiros sinais de saciedade durante uma refeição.

Procura-se hoje a medida certa de utilização destes meios porque sem dúvida também podem trazer conteúdos úteis e inspiradores.

Dois deles,

Escuta e silêncio.

A escuta associada a uma conversa formal ou informal. De conectar, de estar mesmo ali, a respirar con quem nos conta sobre si.

Uma conversa que tem pontos altos, tem algo que discordamos, algo que concordamos que nos obriga a uma digestão, uma partilha de fragilidades, uma partilha de algo que é especial.

Com a reflexão agregada fica a pergunta de porque pode ser tão compulsivo interagir nas redes sociais e menos fácil a conversa que alguém que nos relata. seu dia ou aquilo que o preocupa profundamente, que está ali em carne, osso e alma.

E os silêncios, nas conversas, à mesa, durante o café da amanhã, no final do almoço, nas viagens, porque é que são tão difíceis de tolerar sem o "puxar" do dispositivo móvel? Quando se diz tradicionalmente que é nestes silêncios que os anjos passam e deixam consigo mais elementos para o momento mágico que é um encontro entre pessoas.