NRG #01 - Comprar Saudável

Existem dois aspectos que têm mudado desde a introdução da moda da alimentação saudável.

1. Os alimentos catalogados bio já não são a garantia de que podem ser saudáveis, pois podem conter as mesmas quantidades, ou mais, de açúcar, gorduras e produtos animais que os não bio contêm.

2. Os químicos nos alimentos e na água trazem novos desafios a quem deseja ter uma alimentação sustentável e nutritiva.

A solução, ou uma das soluções, passa realmente por uma escolha informada e "trabalho de casa" da parte do consumidor.

Hoje vou delinear os princípios que podem ajudar a escolher uma alimentação baseada na utilização de produtos que estão de acordo com os princípios do biológico e sustentável.

Muitos destes “novos biológicos” contém açúcar, farinhas refinadas, sal, óleo e gorduras saturadas em quantidades semelhantes ou maiores que os seus congéneres não bio e podem utilizar na sua composição produtos altamente processados.

Aprender a escolher os produtos de forma consciente como consumidores é uma mestria necessária para quem deseja escolher mais saudável e sustentável.

Comprar alimentos pode transformar-se num hábito mecânico e como tal é fácil deixar-se encantar e influenciar pelas embalagens, pelas cores, pela rapidez na confecção, sem ter tempo nem espaço para criar novos comportamentos, no que diz respeito a escolher aquilo que é efectivamente nutritivo.

Se no passado escolher uma alimentação isenta de químicos poderia ser um mito, hoje esta opção é uma opção real e possível.

Este artigo não é sobre o que se deve comer, mas como se pode escolher os alimentos que adquire de forma mais:

• Consciente

• Saudável

• Económica

• Sustentável

1. Aprenda a ler os rótulos. Saber ler os rótulos e identificar alimentos que potencialmente podem afectar a saúde de quem os consome torna-se vital e necessário, e devia ser ensinado nas escolas.Para além da alimentação esta necessidade expande-se a produtos de limpeza e e cuidado corporal. Hoje com um telefone móvel e uma ligação à internet não existe razão para que escapem ingredientes que desconhecemos.

2. Aprenda a ler as tabelas de nutrientes. Permite-lhe por exemplo verificar que tipo de gorduras estão presentes na composição do produto em questão e a quantidade de açucares "escondidos" que o alimento pode conter. Por exemplo um copo de bebida de arroz (250ml) pode conter o equivalente a um pacote de açúcar.

3. Selecione pela quantidade de ingredientes. Um bom pão tem 3 ingredientes: Farinha, fermento e sal, mais que isso é um "pão bolo". Quando um pacote de bolachas bio "saudáveis" contém mais de 10 ingredientes está na altura de procurar outras alternativas.

4. Prefira “the real thing”. Um exemplo: Um queijo de vaca tem um ingrediente, dois se contar com o sal. Um queijo vegan poderá ter em média 8 a 10 ingredientes entre os quais alguns de origem tropical como o coco, tapioca e caju, que vêm de longe e de fora de Portugal. Alguns têm amidos modificados de batata e milho. Outros são mesmo enriquecidos com vitaminas. Penso que é legítimo colocar a questão de qual o mais ético para o planeta e saudável para o organismo. Não há uma resposta certa, mas fica a pergunta. Escolher substitutos também encarece significativamente a conta de supermercado.

5. Prefira produtos locais e sazonais. Mesmo quando se trata de produtos bio, o facto de terem de viajar de longe ou serem fora da estação, leva a que estes produtos sejam submetidos a processos de conservação, como por exemplo a refrigeração e de por isso serem menos frescos e vitais que os sazonais e locais.

6. Vá às compras sem fome. Quando estamos com fome consumimos mais e compramos por impulso. Alguém com fome tem também tendência a fazer escolhas mais doces e gordurosas, nem sempre em quantidade numérica, mas em quantidade de calorias. Porque um corpo com fome necessita de açucares rápidos e entra em modo de sobrevivência.

7. Fica o desfio de na próxima ida às compras realizar observar pelo menos um destes pontos, se já os conhece e domina fica o convite para que partilhe este artigo com alguém.

Até para a semana.

Lourenço de Azevedo